Um grupo da Escola de Engenharia de São Carlos (SP) apresentou recentemente um conceito revolucionário de aeronave comercial, apontando novas direções na fabricação de grandes aviões para ageiros. Com um protótipo em escala 28 vezes menor, inicialmente testado em túnel de vento, o avião projetado na USP demonstra uma redução significativa, aproximadamente 12%, no consumo de combustível em comparação aos jatos convencionais. Essa economia pode atingir até 30% com o uso de combustíveis alternativos e materiais mais leves previstos para os próximos 20 anos na indústria aeronáutica. 621n3w

O foco do projeto é a eficiência, permitindo que o novo avião alcance desempenho semelhante em termos de velocidade em comparação aos modelos atuais, porém com uma eficiência notavelmente superior. Isso não apenas oferece economia de combustível, mas também a possibilidade de voos mais longos, uma vez que a necessidade de reabastecimento seria reduzida, mantendo a mesma capacidade de combustível no tanque para aviões de tamanho semelhante, projetados para transportar 180 ageiros.

Destaques do Projeto:

1. Asas em Forma de Caixa:Inspirado pelo conceito apresentado pelo físico alemão Ludwig Prandtl em 1924, o avião incorpora asas em forma de caixa. Esse design, pouco comum, reduz o arrasto induzido, especialmente quando duas asas estão conectadas às pontas, proporcionando uma maior eficiência aerodinâmica.
2. Ingestão de Camada Limite:Introduzindo um conceito inovador, a equipe explorou a ingestão de camada limite, onde os motores, posicionados na parte traseira da aeronave, aspiram o fluxo de ar da superfície. Isso visa a redução do consumo de combustível, evitando o aumento do tamanho dos motores, que poderia resultar em mais arrasto durante o voo.

Antes de chegar a uma fase de implementação industrial, o projeto a por testes rigorosos em túneis de vento e simulações computacionais. Atualmente, a equipe está colaborando com a Embraer em quatro projetos de avião, avançando na escala de prontidão tecnológica TRL (Technology Readiness Level). O Brasil, como um dos poucos países capazes de conceber, projetar, construir, certificar e vender aviões comerciais, mantém uma posição proeminente na indústria aeronáutica global. De acordo com a plataforma alemã Statista, em 2021, a indústria aeronáutica brasileira foi a 11ª maior exportadora do mundo, superando nações como Israel, Países Baixos, Suíça e Japão.